Bum Bum Tam Tam: o que faz ressurgir um hit?

by Luiz Gustavo Pacete

O clipe Bum Bum Tam Tam, lançado em 2017 por Mc Fioti e KondZilla, desde seu surgimento, acumula recordes. Chegou a 1,5 bilhão de visualizações no YouTube e foi uma das músicas mais tocadas naquele ano. Esse caso, como muitos outros que viralizaram (sem nenhum trocadilho) e se tornaram hits, ganhou um novo elemento nas últimas semanas, quando de forma orgânica e após a divulgação do nível de eficácia da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, o clipe viralizou nas redes sociais ganhando até versões em música clássica.

O que poderia ter ficado por aí ganhou fôlego. Mc Fioti, com o endosso do Butantan, foi até o Instituto para gravar a versão remix que, passou a ser o “hino da vacina”. Para muitos, o alcance da música bem como a leveza ao tratar do tema ajuda na conscientização sobre a importância da vacina. Para outros, o tema é sério o suficiente para ganhar um “hino”. Independentemente das opiniões, esse caso serve de exemplo para muitas marcas, já que criar um viral ou um meme é o sonho de consumo de grande parte dos anunciantes que investem alguns milhões em marketing.

O que o remix de Bum Bum Tam Tam pode trazer de aprendizados ao marketing? Eric Messa, Professor e Coordenador do Núcleo de Inovação em Mídia Digital da FAAP, analisa que este caso exemplifica muito bem a particularidade da cultura brasileira de envolver cotidiano e internet bem como o potencial inventivo e criativo de um dos países com maior número de usuários de redes sociais do planeta.

Apropriação popular

“Os brasileiros possuem uma capacidade sem igual em se apropriar das questões cotidianas e tratá-las sempre com bom humor. É por essa razão que os memes são tão populares por aqui. Neste caso em particular, é curioso observar que a versão que Mc Fioti fez da sua música de 2017, surgiu originalmente de forma espontânea entre as pessoas, o que mostra nosso caráter informal e associado à cultura do remix”, afirma Messa.

Validação e endosso

Segundo Messa, a validação do próprio Instituto Butantan e sua participação institucional no clipe parece uma boa estratégia de comunicação para garantir mídia espontânea (earned media). “Nestes tempos em que a propagabilidade espontânea pode alcançar o mesmo número de pessoas que um anúncio pago, é sempre válido aproveitar-se de conteúdos e estratégias que estimulem essa propagabilidade”, destaca.

Riscos e posicionamento

Para Messa, ao assumir e criar essa versão 2021, Mc Fiot acaba também por adotar um posicionamento político. “Afinal, o tema das vacinas no Brasil ganhou esse caráter politizado, quando a priori deveria ser uma questão restritamente de saúde nacional.”

O remix

A versão original

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