Conversas de Clubhouse: vulnerabilidade na prática

by Luiz Gustavo Pacete

“Estar vulnerável é um risco que temos que correr se experimentarmos a conexão”, com essa frase, da pesquisadora da Universidade de Houston, Brené Brown, que Luciana Rodrigues, CEO da Grey, abriu sua conversa no Clubhouse do Marketing Future Today, nesta quarta-feira, 17, na sala “Vulnerabilidade: como ir além da buzzword”. A executiva elencou alguns pontos importantes que aterrissam o que vem sendo chamado de vulnerabilidade no mundo corporativo: escuta ativa e comunicação não violenta.

De acordo com Luciana, a própria plataforma de áudio ilustra a sensação de “Fear of Missing Out” (FOMO) gerando a necessidade de as pessoas se conectarem, mas também entrega a possibilidade da escuta. “Às vezes, uma nova rede social é muito cansativa, diante de tantas coisas que já temos que fazer, é mais uma plataforma para entender e investir tempo”, explica, reforçando, no entanto, o papel do Clubhouse no exercício da escuta. “Na mesma medida em que exige, o Clubhouse também traz assuntos que talvez não teríamos no dia a dia. É uma possibilidade, assim que ele estiver disponível para Android, de democratizar alguns debates.”

O tema, inclusive, vai além da atuação dos líderes. De acordo com um levantamento da MindMiners, vulnerabilidade tem relação direta com publicidade. Das mil pessoas consultadas digitalmente pela pesquisa, 84% afirmam que provavelmente se identificariam mais como uma empresa se ela assumisse suas falhas e erros.

Escuta ativa no mundo dos negócios
“Eu tive um caso recente em que pedi para participar de uma reunião comercial de três horas e o cliente não entendeu muito bem a eficiência daquilo. Mas eu deixei claro a importância da escuta. Escutar, naquele caso, o que é relevante, o que faz sentido para marca, para os negócios. Em alguns momentos, não é hora de dar opinião, é ouvir e perceber, principalmente no contexto que vivemos. A gente não aprendeu a escutar, aprendemos a falar o tempo inteiro e escutar faz toda a diferença para uma marca, empresa e para um líder. O conforto que nós temos em falar deveria ser o mesmo que nos permitisse apenas ouvir”

Comunicação não violenta
“Como que a gente quer que as pessoas tenham um bom desempenho no trabalho, estejam com a energia lá em cima, se elas perderam seus familiares em uma pandemia? E a comunicação não violenta, (CNV), conecta diretamente com escuta. Começar a conversar ouvindo se a pessoa está se sentindo bem, o que ela tem passado. E um outro ponto sobre CNV é que a gente não pode abrir mão da transparência e a honestidade nos diálogos. E isso envolve, principalmente, transparência no feedback. As pessoas, muitas vezes, ficam com medo de compartilhar o que estão passando e, ao mesmo tempo, não conseguem dar o seu melhor. Por isso que esse exercício, na prática, impacta diretamente nos negócios e na rentabilidade em longo prazo”

Relações sistêmicas
“Um outro aspecto importante sobre vulnerabilidade e, sobretudo, mudança cultural, é que mudanças têm relação com a questão sistêmica. Não adianta querer mudar de uma hora para a outra. Tem um impacto direto na cultura e na maneira como as pessoas incorporam essa cultura. Nós temos na Grey, o livro da Desreceita, um trabalho em trazer a questão de como conseguimos vivenciar essa cultura de escuta e de opinião. Todo mundo quer inovar, mas ninguém quer mudar e, quando você não muda, não adianta inovar, por que os resultados são os mesmos”

O que é ser uma marca vulnerável?
“A Kantar e a Edelman, além de outros institutos, já fizeram pesquisas sobre marcas e posicionamento durante a pandemia e, entre 70% e 80% das pessoas, acreditam que a marca tem um papel muito importante na vida e no bem-estar. E vulnerabilidade no contexto das marcas é participar da conversa. Como se posicionar em temas como saúde mental, racismo e outros temas que, aparentemente são tão pesados para marcas, mas estão na vida das pessoas?”

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