O que está nas entrelinhas do acordo entre Google e Globo?

by Luiz Gustavo Pacete

Fintechs, healthtechs, agrotechs, foodtechs. Virou prática comum, no mundo dos negócios, utilizar o sufixo tech para determinar uma empresa que escala seus negócios por meio de tecnologia. No entanto, ter um app ou criar uma plataforma de streaming não necessariamente transforma uma empresa tradicional em uma tech. Esse assunto é motivo para muitas discussões. Em especial, a Globo, há alguns anos, vem utilizando o termo media tech para determinar onde ela pretende chegar.

“Com o acordo, a Globo cumpre dois requisitos importantes de uma tech: capacidade de gestão de dados e escala na oferta de produtos e serviços impulsionados por tecnologia”

Cravar, de fato, se a emissora é uma media tech ainda é um desafio, mas com o anúncio feito neta quarta-feira, 7, do acordo com o Google Cloud, a Globo cumpre dois requisitos importantes de uma tech: capacidade de gestão de dados e escala na oferta de produtos e serviços impulsionados por tecnologia. A Globo possui, atualmente, mais de 100 milhões de usuários mensais em suas plataformas e cerca de 110 milhões de Globo ID, ou seja, cadastros individuais de usuários e assinantes de produtos digitais como Globoplay, G1, ge, Gshow, Player1 e muitos outros.

Com o acordo, a empresa migrará 100% de seu datacenter privado para o Google Coud, a empresa dá um passo em não só conseguir dar velocidade na gestão desses dados, como terá maior capacidade de criar um ecossistema, sobretudo em um momento de consolidação de marcas e plataformas. A parceria dura sete anos e inclui, além do Google Cloud, a aplicação de machine learning e inteligência artificial para personalização de serviços. Como frisa o comunicado da Globo, além de otimização de custos, a troca entre as empresas tem por objetivo encontrar novos modelos e oportunidades de negócio, em qualidade de produto e publicidade.

“A Globo possui, atualmente, mais de 100 milhões de usuários mensais em suas plataformas e cerca de 110 milhões de Globo ID, ou seja, cadastros individuais de usuários e assinantes de produtos digitais”

O primeiro passo foi dado com o Globoplay que foi integrado ao sistema Android TV, do Google, de forma nativa. “O anúncio vai ao encontro da recente transformação digital da Globo, sua reestruturação com foco em entregas direct-to-consumer e sua jornada para tornar-se uma empresa mediatech”, diz a Globo em comunicado. Uma das explicações dadas pela Globo é que a capacidade de armazenamento será de acordo com a demanda, por exemplo, em épocas de Big Brother Brasil quando existe alto tráfego de votação, por exemplo, a customização é possível.

“Por trás desse movimento, está a formação de um ecossistema de inteligência que permita melhorar não só o nível de conhecimento que a Globo tem de sua audiência digital, mas também a possibilidade de criação, oferta e distribuição assertiva de novos produtos e serviços”

“A parceria nos dá acesso a um conjunto de competências que o Google Cloud tem, para trazer para os nossos produtos a inteligência digital do Google. Essa inteligência personalizada faz um Globoplay diferente e aderente ao que cada consumidor gosta. E faremos com os outros produtos digitais”, diz Raymundo Barros, diretor de Estratégia e Tecnologia da Globo. Para Eduardo Lopez, presidente do Google Cloud para a América Latina, o acordo inédito com a Globo une o que há de melhor em processamento, capacidade, flexibilidade e segurança digital para entender os espectadores, reforçam os porta-vozes em comunicado.

Por trás desse movimento, que poderia parecer improvável há alguns anos, mas que se mostra necessário, tendo em vista que outros gigantes de conteúdo precisaram de parcerias semelhantes. Como foi o caso de Netflix e AWS, empresa de nuvem da Amazon.

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