O que Yuval Harari faria se fosse um CMO?

by Luiz Gustavo Pacete

Um dos pontos altos do festival SXSW, nesta semana, foi a participação do historiador Yuval Harari. Em um papo com Niko Woischnik, fundador da Tech Open Air e a atriz e neurocientista Mayim Bialik, Harari, que se tornou um dos autores mais lidos recentemente por quem pesquisa sobre história e ciência, com best-sellers como “Sapiens”, “Homo Deus” e “21 Lições para o Século 21”, tocou em vários pontos que podem servir de inspiração para os desafios vividos pelo CMO moderno.

O historiador falou várias vezes sobre o “medo da inovação”, tema do painel, inclusive, e destacou a dificuldade de adaptação humana ao que representa o novo. “Apesar de os nossos cérebros serem programados para aprender, em último caso, buscamos o caminho da menor resistência”.

O Marketing Future Today separou alguns insights de Harari que podem ser aplicados aos desafios do líder de marketing, ou qualquer líder, da atualidade. O que Harari faria se estivesse na cadeira de um CMO?

O medo da inovação
“Apesar de os nossos cérebros serem programados para aprender, em último caso, buscamos o caminho da menor resistência”. Essa frase define o que Harari destacou sobre o medo que a inovação pode gerar nas pessoas. No caso do marketing, o medo é um fato, não necessariamente por falta de disposição em arriscar, mas pela necessidade de entregar resultados enquanto se inova e o custo que ainda pode existir em caso de erros.

“Sempre que criar ou colocar algo no mercado pense no político ou líder que mais teme no seu país ou no mundo e no que ele ou ela poderia fazer com aquilo que você está desenvolvendo.”

Estética x relevância
Não é de hoje que Harari é questionado por ter dito preferir gostar mais de TV do que os romances históricos. Questionado sobre isso, ele dá seu argumento: “eu tenho, como escritor, o objetivo de atingir uma audiência abrangente. E a TV faz isso muito melhor que os romances”, disse. Essa premissa de Harari é fundamental para o marketing, não importa se sua marca tem o filme mais bonito, é mais importante comunicar e ser relevante.

A ineficiência monotemática
Harari também defendeu que, para lidar com as complexidades da sociedade humana, não basta ciência. Vários outros elementos e “versões da verdade” são necessários para unir as pessoas. Isso inclui religião, política e outros elementos. No marketing, não deve ser somente sobre dados ou criatividade. É sobre esses e outros elementos juntos e misturados. “Para unir as pessoas, politicamente, religiosamente, socialmente, é preciso contar histórias.”

“Eu tenho, como escritor, o objetivo de atingir uma audiência abrangente. E a TV faz isso muito melhor que os romances”

Inovação desvirtuada pelo poder
Um outro alerta, que aparece nos textos de Harari e nessa participação do SXSW é a ingenuidade quanto ao impacto e o destino das inovações. O historiador alertou empreendedores, cientistas e desenvolvedores para sempre refletirem sobre quem está por trás do uso de determinada tecnologia. “Sempre que criar ou colocar algo no mercado pense no político ou líder que mais teme no seu país ou no mundo e no que ele ou ela poderia fazer com aquilo que você está desenvolvendo.” A máxima vale para marcas, sobretudo, pelo impacto e a responsabilidade que elas causam na vida das pessoas.

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